quarta-feira, 8 de junho de 2011


'Não, eu não estou abandonando nada nem ninguém. Estou apenas deixando o caminho livre e assim também, de certa forma, me libertando. É que chega uma hora que cansa mesmo, não dá animo de levantar todos os dias no mesmo horário e fingir que está tudo bem, sorrindo pra todo mundo que passa, assim como eu tô fazendo agora. Enfim, tento não pensar muito nisso agora, apesar de saber que isso é meio que inevitável. Esse pensamento é típico daqueles em que mesmo que a gente tente não pensar nele, sempre vem alguém e toca no assunto, sabe?! Pensarei nisso amanhã, quando eu pegar minha mochila, esvaziar o armário e as gavetas que foram minhas durante todo esse tempo. Foram? Será que foram mesmo? Acho que não, aquilo que é nosso, de fato, nunca são devolvidos. Estarei devolvendo as gavetas vazias, então acho que já temos a respostas pra isso, não é mesmo? Isso me faz pensar naquela cena em que uma menininha diz para a mãe, no terminal, que irá esperar o próximo ônibus, pois este está 'meio cheio'. A Mãe responde perguntando – ou seria o contrário? – se meio cheio também não seria meio vazio? O fato é que eu deixarei muita coisa pra trás e de todas as direções que eu tenho pra olhar, pra trás é a que menos me agrada. Evitarei ao máximo os abraços e beijos de despedida, isso é hollywoodiano demais pra mim. Quero ir embora e esquecer-me desse lugar, mas não quero que isso soe como um adeus, você me entende? É que na verdade, nunca é um adeus mesmo: a gente sempre se vê por ai na rua, no banco, num táxi, na fila do mercado e tal. Eu poderia mentir e dizer que quero dar um tempo e que não tem outro na jogada, mas tenho que ser sincera: tem outro sim, outro melhor, ou que pelo menos a princípio aparenta ser. Outro que eu gostarei mais e que me dará mais oportunidades de crescimento e é onde eu quero estar, mas de verdade, saio daqui com um alivio e ao mesmo tempo, com um peso na alma, sei que é tenso e tudo o mais, apesar de pensar que depois virá o alívio. Tento não pensar nos 'e se' que tentam invadir minha cabeça agora que as decisões já foram tomadas e nesse momento qualquer ato de renuncia já se pronuncia tarde demais. Então eu vou, sem muita coisa nas mãos, mas asseguro que com a cabeça cheia de coisas, dentre essas coisas, o conhecimento, que na verdade sempre foi o intuito da minha permanência aqui.' 

Créditos: www.fotolog.com.br/teoria_de_viver

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(Caio Fernando Abreu)